10.2.10

Alimentação.O seu filho vai hoje à cantina da escola?


As regras para a alimentação nas escolas estão mais apertadas, mas nem todas cumprem da mesma maneira.

Doze milhões de refeições para alimentar todos os alunos do ensino básico e secundário da região de Lisboa e Vale do Tejo.
Esta é a quantidade de sopas, sobremesas, legumes peixe e carne que as cantinas das escolas públicas serviram no ano lectivo de 2008/2009. Zelar pelos bons hábitos alimentares de um batalhão de crianças e adolescentes é tarefa que pais e escolas não podem descurar.O que os mais novos comem determina o que vão ser no futuro e até o seu rendimento escolar."Uma alimentação regular e equilibrada de três em três horas é fundamental para aumentar a concentração das crianças e também ajuda a diminuir os comportamentos agressivos", explica Nuno Nunes , nutricionista do Hospital de S. Bernardo em Setúbal.

É por tudo isto que as regras nas cantionas escolares estão mais apertadas desde 2007, com as normas gerais de alimentação impostas pelo Ministério da Educação(ME)- recomendações que as escolas devem seguir à risca. A tutela garante que a preocupação com a comida nas escolas não é recente. Já vem das décadas de 1970 e 1980, quando foram criados "regulamentos para os bufetes e refeitórios, normas gerais de alimentação, capitações de alimentos de acordo com os grupos etários". Estes documentos" ainda hoje são referência para as escolas", sublinha a tutela, reconhecendo que "alguns alunos tomam uma única refeição por dia, disponibilizada no refeitório da escola".

A ementa semanal de cada escola tem de estar exposta" em lugar bem visível". Fritos só de 15 em 15 dias- confeccionados com óleo de amendoim. Apesar de o menu estar deefinido, há situações em que os alunos têm direito a dietas alternativas. Em que casos? Quando houver " prescrição médica" ou "motivos religiosos". Todos os meses as cantinas são obrigadas a servir dois pratos de bacalhau e um de ovos. Semanalmente, deverá figurar na ementa um prato de carne, um de aves, um à base de leguminosas e um de peixe servido à posta.

Os produtos devem chegar às escolas uma vez por semana, no caso de serem servidas 200 ou menos refeições diárias. Já em estabelecimentos maiores, o abastecimento terá de acontecer duas vezes por semana. Quanto ao pessoal de serviço nos refeitórios, cabem-lhes outras tarefas que não servir. O ME recomenda que tentem "fomentar o consumo de sopa e legumes, persuadindo os alunos de colocar colocar nos tabuleiros esses produtos".

Sensibilizar as crianças é, de resto, uma missão difícil. Paula Chouço, da associação de pais do agrupamento de escolas EB2.3 de Mora, até acredita que a oferta nas cantinas é "satisfatória". O problema, realça, é conseguir controlar a saída dos alunos,"quando resolvem comer fora da esccola ou trocar o almoço por uma sandes".E esta questão é das que começam em casa. "Cada vez mais , os pais não dialogam nem se preocupam com o que as crianças comem, e esse é o verdadeiro drama", defende.

Nos bufetes, a regra mais importante é complementar em vez de competir com o refeitório. Assim, o espaço deve estar fechado à hora do almoço. As direcções Regionais de Educação(DRE) até podem autorizar o seu funcionamento nesses horários, desde que forneçam refeições equilibradas."Copos de leite, sandes de pão escuro e peças de fruta" são alguns dos exemplos apresentados pela tutela.

Rissóis, croquetes, pastéis de bacalhau e "produitos afins" estão na lista negra das escolas. No inventário da comida proibida incluem-se também os pastéis e bolos de massa folhados, as chamuças os enchidos e outros produtos de charcutaria. Molhos como maionese e ketchup, refrigerantes, gelados de água e compotas com alto teor de açúcar são de evitar. O mesmo se aplica a batatas fritas de pacote, pipocas, fast food ou cerveja sem álcool. Igualmente proibidos estão os chocolates em "embalagens superiores a 50 gramas". O que têm em comum estes produts? não t~em fibras, contêm muito açúcar, gorduras, sódio, corantes, conservantes e edulcorantes.

As regras existem, mas cabe à escola garantir a sua aplicação. O ME garante que são feitas "análises microbiológicas para garantir a segurança alimentar e as boas práticas de higiene e de fabrico, contratualizando o serviço de empresas da especialidade". Contudo, nem todas as escolas funcionam da mesma forma. Hhelena Rodrigues pertence à associação de pais da Escola Jaime Magalhães Lima e é professora na escola secundária Homem Cristo. As duas escolas funcionam em Aveiro mas há diferenças substanciais entre a comida que fornecem aos alunos." A primeira estrá concessionada e há uma quantidade inimaginável de queixas. A alimentação é má e a direcção da escola sabe disso e tem feito vistorias frequentes. Faltam ingredientes à sopa- que é água- e a comida é, em regra,pouca. As empresas visam o lucro", denuncia. Por isso, defende que não há nada como a conmida ser confeccionada na própria escola", como acontece na Homem Cristo.

Segundo o relatório do ministério sobre a alimentação fornecida nas escolas em 2009, só uma minoria não disponibilizou sopa diariamente aos alunos. No entanto, a esmagadora maioria admitiu oferecer fritos "ocasionalmente" aos alunos, e quase metade disponibiliza sumos naturais nos bufetes. Ainda assim, o ME garante que "as melhorias são notórias".
Fonte:Jornal-i-10/2/2010